segunda-feira, 27 de julho de 2015

CAPITULO 5- Assistente de Hospital ou do amor?

Engraçada esta história, gostava de saber como seria o fim. Sim porque ninguém sabe o fim, nem eu que estava tão próxima disto. Talvez não haja um fim, talvez ainda persista, talvez o fim nunca chegarei a saber, nem eu, nem o Hospital, nem a Marie, nem eles 2. Achei por bem contar ou pelo menos tentar contar aquilo que se passou entre eles dois pois acho incrível o que eles conseguiram alcançar. Eles saíram do Hospital juntos, eu ajudei para que isso acontecesse. Achei mau demais um amor tão forte ficar por ali e por minha própria iniciativa não quis deixar que tudo aquilo pelo que ele lutou, este tal Alex, fosse em vão. Hoje não faço a menor ideia onde eles possam estar mas tenho a certeza que estarão num sítio feliz porque só pelo simples facto de eles estarem juntos é um fator de felicidade para eles e também para mim porque não é todos os dias que nos pedem para continuar um diário de alguém apaixonado. E então este rapaz! Que pelo que li fez de tudo para estar com quem está hoje!
Mas as minhas ações também têm consequências. Fui despedida mas valeu a pena, valeu a pena cada segundinho em que eu escrevi que a paciente teve alta. Valeu a pena ver aqueles 2 fugirem e agradecerem-me pelas minhas ações e ainda para mais um deles deu-me algo que nunca vou conseguir completar. Este diário. Sim, este tal rapaz, o Alex me disse, melhor dizendo… Implorou-me, para que completasse a história deles pelas minhas palavras e que continuasse este diário até ao fim. O problema é que agora não faço a menor ideia do que irei por neste diário e como irei começar, agora, com a minha história pessoal, como irei dar a emoção que ele conseguiu dar a isto! É-me impossível!
Mas não posso desistir, ele não o fez por ela e eu não o irei fazer por este diário.

Inês, 2 de Dezembro 2014

sábado, 25 de julho de 2015

CAPÍTULO 4 – Desconfortável será o futuro?


“-Qual é o seu 1º nome? R: Sophia”
- “Qual foi a última coisa que viu? R: Um bombeiro”
- “Conhece a pessoa que está aqui ao meu lado? R: Sim, é o Alex”
-“ Você tem quant…” ;”CALE-SE!” - Gritei eu com toda a voz que tinha. “ Estou farto de cada pergunta idiota que você faz! Não consegue perceber que ela ainda tem a sua memória? Ela está aqui á 2 horas a responder às suas perguntas que muitas das vezes acaba por repeti-las, você não consegue perceber que ela agora necessita é de descanso?” E foi só assim que passada 2 horas da minha chegada ao Hospital Psiquiátrico a enfermeira Marie acabou por me deixar estar com a Sophia. Nem sabia por onde começar, só lhe queria perguntar se ela tinha lido as minhas cartas, se ela recebia as rosas, como era a vida dela, mas em vez de fazer tudo isso, pensei melhor e disse: “ Eu amo-te e vou-te tirar daqui porque acredito que tu não estás maluca”. Até me custa dizer esta última palavra, dói-me mesmo ao dizê-la. Não lhe quis fazer mais perguntas, depois deste “”interrogatório” digamos assim, era de certeza a última coisa que ela queria ouvir de mim nesse momento. Mais tarde, eventualmente tive que lhe perguntar tudo aquilo que lhe queria perguntar. Por minha surpresa, ela tinha recebido tudo aquilo que eu tinha escrito e enviado para ela, simplesmente não pode responder. Não há palavras para explicar a minha emoção depois de ela me ter dito aquilo. Alegria, agradecimento, felicidade, tudo o que esteja relacionado com tudo de bom, quase fiquei em lágrimas, mas não deixei que elas caíssem, não queria parecer fraco ou algo do género e ainda por cima tinha uma das funcionárias a olhar para mim, a Inês, a assistente da médica Marie. Ela até me pareceu uma boa pessoa, foi simpática comigo quando me recebeu, completamente ao contrário da Marie que me disse logo assim que pus um pé no quarto onde ela estava, “Neste quarto não pode sair com ela sem a minha autorização e se o fizer, haverá consequências! “
Mas houve uma coisa que me intrigou quando fiz uma pergunta á Sophia…
“ - (…) Então como conseguiste ser transferida de França para Portugal?”- Disse eu. Ela respondeu-me com um ar muito estranho.
- “Não sei…”
Não consigo deixar de pensar nesse momento, houve ali algo que nunca tinha visto nela, achei que ela me mentiu. Foi aí que pouco depois apareceu a Marie e me entregou um papel com o total diagnóstico dela no qual dizia que ela estava a sofrer uma profunda depressão mental e falta de memória e que estaria sujeita a muitos medicamentos e etc. Bastou-me ler metade daquilo e já sabia que estava ali uma grande mentira só para fazer com que ela passasse ali muito tempo. Mas aí surgiu um problema ainda maior, eu não tenho meios para a tirar dali, há câmaras de vigilância por todo lado, a Marie está sempre ao pé dela de modo a que eu nem a consiga tirar dali mesmo que pudesse. Foi ao escrever a última frase que pensei e tomei uma decisão. Eu vou ter que a tirar daqui, só me resta saber como…
A mentira que existe naquele Hospital, já afetou a Sophia, só espero que não faça o mesmo ao que planeio fazer também.

Alex, 17 de Agosto de 2014

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

CAPITULO 3 – Noticias desconfortáveis

“ Lamentamos mas não poderá enviar mais cartas para este endereço. Assin: CTT “
“ As rosas foram devolvidas ao seu destinatário. Assin: CTT“
Estas mensagens nem são nada comparadas com o que vem a seguir…
“ (…) Depois de uma longa pesquisa, concluímos que você é o único amigo próximo da nossa paciente visto que não encontrámos mais familiares. Ela tem uma grave crise mental, tendo reprovado nos testes de lucidez mental. Concluímos com isto que a paciente está a sofrer de uma depressão mental grave do qual precisará da ajuda de familiares para poder superar a sua doença. (…) Assin: Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa. “
Se eu já estava de rastos, isto matou-me. Acordar e receber isto tudo numa só manhã, é simplesmente demasiado para um ser humano com sentimentos. Eu até queria ser positivo e dizer que pelo menos ela está em Portugal. Mas como eu posso ser positivo quando eu recebo uma carta dos correios de Portugal e da Policia a dizer que o prédio onde ela morava ardeu e a única sobrevivente foi ela? Como posso eu ser positivo se um Hospital Psiquiátrico me diz que ela está doente e precisa de ajuda de familiares e amigos próximos? Como eu posso ser positivo se ela foi transportada de França para Portugal, sabe-se lá em que condições? Pois não sei, mas eu tenho que arranjar a maneira de o ser, se eu não o for, como poderá ser ela?
Escrevendo e contando desgraças num caderno e num banco completamente desconfortável dentro de um comboio com talvez perto de 30 pessoas todas a olhar para mim porque tenho a cara quase toda coberta de lágrimas nem é nem pode ser uma terça parte daquilo pelo que ela deve estar a passar sozinha num hospital. Destas 30 pessoas, mais de metade chegou ao pé de mim e me perguntou se tudo estava bem comigo. Eu respondi sempre isto: “ Obrigado pela preocupação mas o mal não está em mim” , todas as pessoas compreenderam que eu estava bem e só necessitava de um momento a sós que ainda não tive, tirando agora de noite que estou alojado aqui neste hotel tentando completar aquilo que estava a escrever no comboio.  Agora ponho-me no lugar da Sophia, tentando esquecer todo o meu esforço para tentar estar ao pé dela. Imagino como ela conseguiu sair de um prédio em chamas, sabendo que muito provavelmente ninguém poderia sair de lá vivo. Imagino no que ela deverá estar a pensar e questionar-se. “ Será que a culpa foi minha de tudo aquilo ter acontecido? Será que podia ter feito algo mais para nada de aquilo ter acontecido? Será que poderia ter salvo alguém? Será que foi minha culpa e fui eu que provoquei isto tudo? “ Viver pensando nisto, não é fácil e por isso mesmo não me posso queixar de nada. Em breve irei vê-la, não sei de todo o que esperar…

O que posso dizer é isto: O Hospital e uma série de estradas são o que separa eu e ela e não uma imensa quantidade de quilómetros do qual nunca poderia percorrer, como antes.
    
Alex, 12 de Agosto de 2014