quinta-feira, 30 de março de 2017

CAPÍTULO 10- A revelação da insolução



A indecisão acabou. Vou falar sobre mim e assim juntar um pouco de mim ao muito de todos deste diário, afinal, não é assim que é a tendência dos textos aqui?
O meu nome é Hugo e não é necessário mais detalhes. Eu sei, eu disse anteriormente que vinha falar de mim, mas também já referi que sou assim. Digo a meias, deixo a minúcia de lado e falo do essencial porque afinal é isso que importa. E o essencial é que vou escrever e continuar este diário de vez em quando (também devido ao seu estado). Por falar nisso, este diário continua uma lástima, estou farto de o tentar limpar e é incrível como cuido mais do diário do que de mim.
Há 2 anos atrás, na altura do Verão, em Agosto mais ou menos, era eu um funcionário público, era um diretor numa creche e é também exatamente há 2 anos atrás que era um bêbado. Não tenho medo de o admitir, aliás ainda hoje é difícil habituar-me á ideia de que tenho que deixar de parte a única coisa que sempre esteve a meu lado, a garrafa, pois é, a única coisa digo eu bem. Mas havia mais que isso.
Eu, orgulhoso como sou, nunca correspondia às carícias ou aos bons modos dos outros como deveria e essa evitação levou-me ao que sou hoje. E o que sou hoje? Essa era a questão que já tinha escrito por aqui e a qual tento abordar todos os dias que abro olhos para ver exatamente a mesma vida a passar me pela frente, o mesmo cheiro que trago comigo e a mesma sensação de que nada vai mudar. Mas quem sabe, talvez consiga deixar para trás o que não consigo, talvez consiga encontrar em mim a forma de ser que era antes, tal como tinha dito, “talvez”, quem sabe”. Por incrível que pareça, aquilo que sou é uma constante indefinição, mas aquilo que escrevo é uma inconstante definição.
Mas talvez hoje mude, mas altero o que sou ou o que escrevo que sou?
Hugo 3 Dezembro 2016

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